Domínio das Big Tech: o rali está a abrandar?
O mercado acionista dos EUA está em máximos históricos, mas o rali tem sido invulgarmente estreito. Quase todos os ganhos vieram de algumas tecnológicas megacap. Desde abril, o S&P 500 subiu cerca de 27%, com as “Magnificent Seven” a representarem agora aproximadamente um terço do índice. A Nvidia sozinha pesa cerca de 8%, enquanto a Microsoft e a Apple somam cerca de 7% e 6%. Em conjunto, estas três representam mais de um quinto do S&P. Isto levanta uma questão simples: poderá um rali alimentado por tão poucas ações continuar, ou estará o momentum a começar a ceder?
O que dizem os gráficos
Sinais de momentum no S&P 500

Fonte: TradingView. Todos os índices são de retorno total em dólares dos EUA. O desempenho passado não é um indicador fiável do desempenho futuro. Dados a 20 de agosto de 2025.
O S&P 500 continua acima das principais médias móveis, mas o volume tem sido mais fraco no rali mais recente.
O S&P 500 tem vindo a subir de forma constante desde a primavera, superando máximos anteriores e estabelecendo recordes. A configuração técnica parece construtiva: a média de 50 dias está acima da de 100 dias, com a de 200 dias mais abaixo. O RSI está em zona intermédia, sem sinal de sobrecompra, e o MACD permanece positivo, embora as barras recentes do histograma tenham enfraquecido. O volume, contudo, tem ficado aquém. Conclusão: os gráficos são altistas, mas a participação não é ampla.
Megacaps tecnológicas vs S&P 500

Fonte: TradingView. Todos os índices são de retorno total em dólares dos EUA. O desempenho passado não é um indicador fiável do desempenho futuro. Dados a 20 de agosto de 2025.
Olhando mais de perto, as três grandes tecnológicas mostram um quadro semelhante. A Apple e a Microsoft mantêm-se acima das respetivas médias de 50 dias e testam resistências. A Nvidia, após uma grande valorização, fez uma pausa e agora paira ligeiramente acima da sua média de 50 dias. Nenhuma parece sobreaquecida — os seus RSI permanecem neutros — mas também não há quebras em alta agressivas. O momentum é positivo, porém a convicção parece mais ténue.
Cenários altistas vs baixistas
Os altistas argumentam que ralis saudáveis comportam-se assim: estáveis e sem euforia. As correções têm encontrado compradores de forma consistente, com repiques na média de 50 dias a oferecer um suporte fiável. Tanto o S&P como o Nasdaq continuam a fazer máximos e mínimos ascendentes, enquanto as médias móveis principais seguem em alta. Se as megacaps romperem novos máximos, é provável que puxem os índices para cima.
Divergência do RSI no Nasdaq

Fonte: TradingView. Todos os índices são de retorno total em dólares dos EUA. O desempenho passado não é um indicador fiável do desempenho futuro. Dados a 20 de agosto de 2025.
Os baixistas contrapõem que a liderança está perigosamente estreita. Fora das grandes tecnológicas, a maioria dos setores não confirma novos máximos. Divergências de momentum — como o RSI do Nasdaq a formar topo enquanto o preço sobe apenas marginalmente — sugerem perda de fôlego. O volume tem rareado face a fases anteriores, frequentemente um sinal de fragilidade. E se um líder vacilar, o efeito pode ser em cascata. A Nvidia já duplicou desde abril; se quebrar abaixo da média de 50 dias com forte pressão vendedora, pode arrastar o Nasdaq. Do mesmo modo, se a Apple estagnar sob uma resistência, o S&P fica sem um dos seus pilares.
Nesta fase, ambos os lados têm argumentos válidos. O rali está vivo, mas é frágil.
O que os traders estão a observar
- Suporte: a zona 4.900–5.000 no S&P, juntamente com a média de 50 dias. Perder este nível seria baixista.
- Resistência: os máximos históricos recentes perto de 6.500. Uma rutura aqui com volume confirmaria o momentum.
- Médias móveis: as linhas de 50 e 100 dias no S&P e no Nasdaq — crucial vigiar se passam de suporte a resistência.
- Momentum: um RSI a cair abaixo de 50 ou um cruzamento baixista no MACD pode sinalizar esgotamento da alta.
- Volume: uma rutura com volume fraco sugeriria fragilidade.
Níveis-chave do S&P 500

Fonte: TradingView. Todos os índices são de retorno total em dólares dos EUA. O desempenho passado não é um indicador fiável do desempenho futuro. Dados a 20 de agosto de 2025.
Conclusão
De momento, o destino do mercado depende de um punhado de ações. Os gráficos apontam para uma tendência de alta intacta, mas a participação é reduzida, deixando o rali vulnerável. Se os índices superarem os máximos recentes com compras mais fortes, a subida deverá prolongar-se. Porém, se os indicadores de momentum virarem em baixa ou as megacaps fraquejarem, a base estreita do mercado poderá expor-se rapidamente. A próxima fase de negociação revelará se estamos perante uma escalada constante ou o início de uma travagem.